Comunidades Pesqueiras

Essas comunidades possuem na pesca artesanal o elemento preponderante do seu modo de vida e que conciliam com outras atividades, como a agricultura. Além de garantirem alimentos saudáveis e que contribuem para a soberania alimentar da população brasileira, os pescadores e as pescadoras artesanais só retiram da natureza o que ela é capaz de repor,  garantindo a biodiversidade e o equilíbrio ambiental. Descendentes, em sua maioria, de indígenas e quilombolas, essas comunidades possuem atividades interligadas, desde a confecção dos apetrechos de pesca até o beneficiamento e a comercialização do pescado, assim, todos os integrantes são considerados por elas pescador ou pescadora artesanal. O avanço desordenado dos grandes projetos, além do hidronegócio e do avanço da privatização dos corpos de água públicos do país geram conflitos nos territórios pesqueiros. Para agravar ainda mais esses conflitos, no ano de 2015 o governo publicou o decreto 8425, que retira dos homens e mulheres das comunidades pesqueiras o direito a se auto identificarem como pescadores e pescadoras artesanais.

Fechos e fundos de pasto:

As comunidades tradicionais de fundos e fechos de pasto do Cerrado, que se encontram, sobretudo, na região oeste da Bahia, são formadas por famílias que vivem e ocupam secularmente vastas extensões de terras devolutas do estado. Preservam um modo de vida baseado na ocupação coletiva das terras, organizados em vizinhanças, tem como atividade principal a criação de gado à solta, que se alimenta da pastagem nativa. Praticam também o extrativismo dos frutos do Cerrado e utilizam das plantas medicinais para cura de diversas enfermidades. A principal luta destas comunidades é pela preservação de seus territórios, que são ameaçados pela grilagem das grandes fazendas, com o apoio da pistolagem e do aparato do Estado.

Indígenas

Os povos indígenas são as populações originárias do Brasil. São mais de 896 mil indígenas, divididos em 305 povos diferentes e falantes de pelo menos 274 línguas. As experiências e os saberes deles consideram o universo em sua totalidade e inserem o ser humano em uma complexa rede de relações que envolvem os seres, naturais e sobrenaturais, integrando a vida como um todo. Essas cosmologias não se confundem e nem podem ser contidas dentro da lógica materialista e mercadológica. A população indígena ocupa cerca de 1.047 territórios, sendo que, destes, apenas 359 foram demarcados. A Constituição Federal de 1988 reconheceu aos indígenas o direito às suas identidades étnicas, suas práticas culturais, sociais, educacionais, religiosas e também o usufruto exclusivo sobre as terras tradicionais que habitam. Estima-se que cinco milhões de indígenas foram mortos nos últimos cinco séculos devido às doenças vindas com a sociedade não indígena, a massacres e extermínios realizados ou devido a grandes empreendimentos, como a construção da rodovia Transamazônica e das hidrelétricas Tucuruí, Albina e Itaipu.      

Quilombolas

Foto: Rede Rua
Comunidades quilombolas são territórios formados por negros fugidos das senzalas, ou pelos que, após a abolição da escravatura, sem ter para onde ir, ocuparam terras devolutas distantes e formaram comunidades. Os quilombos se caracterizam pela relação histórica com o espaço em que vivem, pela ocupação coletiva da terra, a vivência solidária entre os seus membros, a relação harmoniosa com a natureza, a dimensão étnico-cultural e religiosa.

Posseiros

O posseiro é aquele que luta pela terra, que há anos a ocupa e dela tira o seu sustento. A luta dos posseiros é uma luta pelo reconhecimento da posse da terra, como terra de trabalho. A sua legitimidade provém do trabalho desenvolvido. Sofrem um grave processo de expropriação por parte de supostos proprietários, grileiros na maior parte das vezes, ou por empresas responsáveis pelos grandes projetos de infraestrutura.

Retireiros do Araguaia:

Os retireiros do Araguaia são um grupo social que têm conseguido seu reconhecimento nos últimos anos através de um intenso debate sobre proteção de seu território e sobre a relevância de sua identidade. Organizaram-se para a criação de uma unidade de conservação, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Retireiros do Araguaia.  O modo de vida particular dos retireiros está ligado à criação extensiva de gado nas áreas inundáveis do rio Araguaia em seu médio e baixo curso, em regime de propriedade comum.

Ribeirinhos

São comunidades que vivem ao longo e às margens dos rios. Cada uma tem peculiaridades diferentes, marcadas por crenças, lendas, formas diversas de manuseio de animais, uso das plantas, entre outros. Peculiaridades essas que acabam tornando única cada comunidade. Além da atividade da pesca trabalham os quintais, que são espaços que contribuem para a subsistência da família, que exerce considerável papel econômico na vida das pessoas, onde estão plantas diversas, nativas e exóticas, pequenas hortas caseiras, criação de pequenos animais.